Minha primeira leitura do mês de Agosto foi Diário de Uma Escrava, escrito pela Rô Mierling. E lançado pela editora Darkside. A história narrada nesse livro foi baseada em fatos reais, apesar de ser ficção, a autora usou de casos que ficaram conhecidos mundialmente para compor sua narração.

Nela somos apresentados a Laura que foi sequestrada por um homem e é abusada há anos. Logo no primeiro capítulo temos uma cena de estupro. Uma de muitas, aliás. E nós iremos acompanhar a vida dessa mulher. Seu passado e seu presente. E iremos acompanhar também esse homem que a sequestrou e sua vida. Seu presente e também seu passado. Apesar de ter esse título, teremos algumas cenas de outros personagens que cercam a Laura e seu sequestrador. E como esse crime afeta muitas pessoas a sua volta.

A escrita de Rô Mierling é fantástica. Logo nas primeiras páginas o leitor consegue emergir na história de uma maneira única. É um livro que irá incomodar. Na verdade fiquei com a impressão que esse livro foi feito para incomodar. A narrativa é crua e não irá poupar ninguém nos detalhes sádicos. São muitas cenas de estupro. E de outros tipos de abuso, físicos e mentais. Eu tive de pausar a leitura algumas vezes nessas cenas mais pesadas, porque é difícil acreditar que coisas assim acontecem todos os dias.

O livro é ótimo, mas tenho uma crítica negativa referente a ele referente ao final da obra. Não ao final propriamente dito, mas em relação a uma única cena. Que em minha opinião foi muito viajada. Não vou falar sobre o que é, mas com certeza foi desnecessária. Claro que não falarei mais para não soltar nenhum spoiler, mas indico a todos que tenham coragem e não se incomodem com cenas altamente descritivas e visuais a lerem esse livro.

O segundo livro que li foi o fantástico Piano Vermelho do autor Josh Malerman, mesmo autor de Caixa de Pássaros. E o que falar desse livro e desse autor. Um dos melhores autores de suspense da atualidade e único quanto ao tema que ele trabalha. Tanto no primeiro, quanto no segundo livro. Mas chegarei lá.

Em Piano Vermelho nós acompanharemos a história de Philip Tonka que é o líder de uma banda chamada Danes. Eles serviram ao exército Norte Americano durante a Segunda Guerra Mundial e depois de seu fim eles viviam em Detroit trabalhando em um estúdio de música, produzindo novas bandas. Mas em determinado momento o exército entra em contato com eles.

O motivo? Um som. Não um barulho qualquer. Mas um som que é capaz de causar mal estar a todos que o ouvem, além de ser capaz de desarmar todo o país. O exército descobriu que esse som tem origem em um deserto da áfrica e eles contatam a banda para encontrar esse som. Já que são músicos.

A história começa com Philip acordando de um coma de seis meses, onde todos os seus ossos do corpo foram quebrados de uma maneira inexplicável. Ele continua vivo e se recupera rapidamente. Narrando entre presente e passado. Na visão de mais de um personagem Josh vai criando um suspense intrigante que fará com quem ler, não desgrude os olhos das páginas.

Ele trabalha com a audição como nenhum outro autor. Pelo menos ainda não conheci ninguém que consegue narrar muitas vezes apenas pelo o que os personagens ouvem. Isso acontece aqui e em Caixa de Pássaros. Se não conhecem, grande parte da história a protagonista do livro estará com os olhos enfaixados.

É um livro maravilhosamente bem escrito e não deixa a desejar. E indico a todos os fãs de um bom suspense não perder tempo e correr para ler esse lançamento!

Hibisco Roxo foi de longe o melhor livro que li esse ano e se tornou um dos melhores livros que li na minha vida inteira e estou apaixonado por Chimamanda Ngozi Adichie, que é autora desse livro, dos manifestos Sejamos todos Feministas, Para Educar Crianças Feministas e do livro No Meu Pescoço, e claro, outras histórias.

Hibisco Roxo vai contar a história de Kambili, uma menina de 15 anos. Que mora com os pais e os irmãos na Nigéria. O que acontece aqui é que seu pai é um fanático religioso e cria a sua família com mãos de aço e tem uma visão deturpada do que é pecado, do que pode e não pode. E isso surtirá efeito em toda a sua criação.

A escrita de Chimamanda é maravilhosamente gostosa de ser lida. Apesar de dolorosa. Sim! As coisas que são narradas, principalmente o que diz a respeito de seu pai, vão fazer o leitor levantar vários tipos de questionamentos. Não só a respeito de fé e religião. Mas de família, criação, educação e muitas outras coisas.

Apesar de o foco do livro é a relação da menina com seu pai. Nós teremos aqui toda uma história ao fundo. A situação política do país, a questão familiar, não só em relação ao pai, mas todos os outros. O convívio social. E a cultura de um país VS a colonização e a inserção de culturas estrangeiras e o impacto do choque dessas culturas e costumes tão diferentes.

Caramba. Acontece tanta coisa nesse livro que é impossível dizer tudo em uma única postagem. E ainda verão eu falando muito desse livro por aqui. Mas com certeza, toda vez que alguém me pedir indicação de um livro, será esse!!!